terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Parte I


Quando ele entrou no meu quarto fingi estar a dormir, estava calor e eu tinha apenas um top de alças e roupa interior, como consequência do bafo quente que se sentia no quarto, muito embora eu tivesse deixado a janela entreaberta, eu estava destapada, com o fingimento nem tive como tapar as minhas pernas nuas. Ele parou na porta a observar-me, podia sentir a sua respiração acelerada, e de cada vez que o seu peito se movia, chegava até a mim o cheiro do seu perfume... não havia forma alguma de eu esquecer aquele cheiro, não havia forma alguma de o mesmo odor ser tão bom na pele de qualquer outra pessoa, era o seu perfume, parecia ter sido criado para ele... sentia os seus olhos pousados no meu corpo e reuni todas as minhas forças para não deixar que a minha respiração acelerasse, pois seria a denúncia do meu fingimento. Após alguns instantes ele avançou em direcção à cama, aí voltou a ficar parado e a observar-me, eu sentia-o perto de mim, o cheiro dele tornou-se sufocante, então sentou-se do meu lado com o máximo cuidado, debruçou-se sobre mim e cheirou-me o cabelo... do cabelo, passou para o pescoço e beijou-o. Estava errado eu sabia que estava errado, queria gritar ''Não posso!'', mas a minha boca não me obedecia, fiquei calada e ele acabou por deitar-se ao meu lado, só aí consegui perceber que também ele estava apenas de roupa interior, quando senti o seu corpo quente em contacto com a minha pele, que neste momento estava gelada, consumida pelo gelo dos nervos que sentia, pelo sufoco de o ter tão perto e saber que... eu já nada sabia, e ele continuou deitado do meu lado, colado ao meu corpo, acariciando-me os cabelos e velando o meu sono... durante quanto tempo conseguiria eu continuar a fingir?....

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Talvez


Pudesse eu com palavras explicar-te o que sinto neste momento e seria este texto, um texto sem fim, porque um sem fim de coisas teria eu para te dizer...


Cartas deixadas ao vento são as que te escrevo... agora estou aqui...


....sinto que estou de volta, ou é isso ou... de volta, talvez...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Adeus tristeza


Na minha vida tive beijos e empurrões
Esqueci a fome num banquete de ilusões
Não entendi a maior parte dos amores
Só percebi que alguns deixaram muitas dores
Fiz as cantigas que afinal ninguém ouviu
E o meu futuro foi aquilo que se viu



Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar



Na minha vida fui sempre um outro qualquer
Era tão fácil, bastava apenas escolher
Escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade
Mas já passou, não sou melhor mas sou verdade
Não ando cá para sofrer mas para viver
E o meu futuro há-de ser o que eu quiser!



Adeus Tristeza - Fernando Tordo

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A mudança


Entrou na loja. Dirigiu-se ao balcão.

– Queria um romance.
– Um romance?
– Um romance é um romance e eu preciso de um.
– Não temos!
– Não percebe que é urgente. Não aguento nem mais um minuto sem um romance.
– Lamento, mas não posso ajudá-lo.
– Então um livro de poesia.
– Poesias... não vendemos.
– Ao menos uma história para crianças.
– Tenho muita pena mas também não temos histórias, nem para crianças nem para adultos.
– Seja! Dê-me um relato de viagem, um diário, uma biografia, ou até um dicionário. Qualquer coisa! A minha cabeça anda à roda, os braços e as pernas tremem, o suor escorre pelas costas. Tenho de ler!
– Mas... mas... Um momento!
A empregada deixou-o e foi ao escritório. Pegou em todas as folhas e folhetos com descrições sobre rosas: qualidade, cores, plantação, tratamentos, cuidados, preços. Meteu tudo dentro de uma capa e deu-lhe um título. Voltou para junto do cliente.
– Aqui tem: “O romance da rosa”, é oferta da casa.
– Muito obrigado! Mas que estranha está a vossa livraria!
Dito isto, saiu apressado sem ouvir as palavras da empregada:
– O senhor ainda não reparou. Esta loja já não é uma livraria. Mudou de ramo há três meses. Agora vendemos flores.




Do quanto precisamos de ler...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

É preciso...


''É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã!''
(29.09.09)



Sou uma gota de água, sou um grão de areia...

(Legião Urbana - Pais e Filhos)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Braga é quente no meu coração




Estudo em Braga mas sou do Porto, fui e vim todos os fins-de-semana (ou quase) nos últimos 4 anos. Este ano preparava-me para mais um ano igual, no entanto, por mudanças de horário, acabei por ter apenas dois dias de aulas, dois dias longos, mas apenas dois, e chegou a decisão de voltar para casa... Deixo a casa de Braga, deixo Braga... no entanto, tenho de lá ir todas as semanas, mais que uma vez, mas já não vivo lá... sinto-me uma ingrata para com a cidade que me acolheu nos últimos 4 anos, 4 anos que me pareceram uma vida, porque em Braga cresci. Não consigo deixá-la, já faz parte de mim, assim como me sinto parte dela. Sinto que me arrancam 4 anos do peito e que não deixam lá nada nesse lugar.

Os amigos continuam os mesmos, Braga e Porto, é um ''tirinho'', como se costuma dizer, mas deixo uma casa... para lá com a casa que não era a casa dos meus sonhos, mas deixo duas companheiras de quem gosto e de quem vou sentir saudades, e um sem fim de coisas que adoro em Braga...




Braga, eu vou mas eu volto, porque o Porto é já ali ao lado, e foste tu quem aqueceu o meu coração...

domingo, 20 de setembro de 2009

A celebração do corpo


Vamos, então, amanhã, despir novamente o corpo
entraremos de bruços pela ternura
fingindo meter o silêncio dentro da boca.
Vamos dobrá-lo sozinho com a língua
e partir, depois,para onde um Verão inventado
nos transforme.


Alexandra Rodrigues Malheiro