segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Adeus tristeza


Na minha vida tive beijos e empurrões
Esqueci a fome num banquete de ilusões
Não entendi a maior parte dos amores
Só percebi que alguns deixaram muitas dores
Fiz as cantigas que afinal ninguém ouviu
E o meu futuro foi aquilo que se viu



Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar



Na minha vida fui sempre um outro qualquer
Era tão fácil, bastava apenas escolher
Escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade
Mas já passou, não sou melhor mas sou verdade
Não ando cá para sofrer mas para viver
E o meu futuro há-de ser o que eu quiser!



Adeus Tristeza - Fernando Tordo

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A mudança


Entrou na loja. Dirigiu-se ao balcão.

– Queria um romance.
– Um romance?
– Um romance é um romance e eu preciso de um.
– Não temos!
– Não percebe que é urgente. Não aguento nem mais um minuto sem um romance.
– Lamento, mas não posso ajudá-lo.
– Então um livro de poesia.
– Poesias... não vendemos.
– Ao menos uma história para crianças.
– Tenho muita pena mas também não temos histórias, nem para crianças nem para adultos.
– Seja! Dê-me um relato de viagem, um diário, uma biografia, ou até um dicionário. Qualquer coisa! A minha cabeça anda à roda, os braços e as pernas tremem, o suor escorre pelas costas. Tenho de ler!
– Mas... mas... Um momento!
A empregada deixou-o e foi ao escritório. Pegou em todas as folhas e folhetos com descrições sobre rosas: qualidade, cores, plantação, tratamentos, cuidados, preços. Meteu tudo dentro de uma capa e deu-lhe um título. Voltou para junto do cliente.
– Aqui tem: “O romance da rosa”, é oferta da casa.
– Muito obrigado! Mas que estranha está a vossa livraria!
Dito isto, saiu apressado sem ouvir as palavras da empregada:
– O senhor ainda não reparou. Esta loja já não é uma livraria. Mudou de ramo há três meses. Agora vendemos flores.




Do quanto precisamos de ler...