Quando ele entrou no meu quarto fingi estar a dormir, estava calor e eu tinha apenas um top de alças e roupa interior, como consequência do bafo quente que se sentia no quarto, muito embora eu tivesse deixado a janela entreaberta, eu estava destapada, com o fingimento nem tive como tapar as minhas pernas nuas. Ele parou na porta a observar-me, podia sentir a sua respiração acelerada, e de cada vez que o seu peito se movia, chegava até a mim o cheiro do seu perfume... não havia forma alguma de eu esquecer aquele cheiro, não havia forma alguma de o mesmo odor ser tão bom na pele de qualquer outra pessoa, era o seu perfume, parecia ter sido criado para ele... sentia os seus olhos pousados no meu corpo e reuni todas as minhas forças para não deixar que a minha respiração acelerasse, pois seria a denúncia do meu fingimento. Após alguns instantes ele avançou em direcção à cama, aí voltou a ficar parado e a observar-me, eu sentia-o perto de mim, o cheiro dele tornou-se sufocante, então sentou-se do meu lado com o máximo cuidado, debruçou-se sobre mim e cheirou-me o cabelo... do cabelo, passou para o pescoço e beijou-o. Estava errado eu sabia que estava errado, queria gritar ''Não posso!'', mas a minha boca não me obedecia, fiquei calada e ele acabou por deitar-se ao meu lado, só aí consegui perceber que também ele estava apenas de roupa interior, quando senti o seu corpo quente em contacto com a minha pele, que neste momento estava gelada, consumida pelo gelo dos nervos que sentia, pelo sufoco de o ter tão perto e saber que... eu já nada sabia, e ele continuou deitado do meu lado, colado ao meu corpo, acariciando-me os cabelos e velando o meu sono... durante quanto tempo conseguiria eu continuar a fingir?....
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Talvez
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Adeus tristeza
Na minha vida tive beijos e empurrões
Esqueci a fome num banquete de ilusões
Não entendi a maior parte dos amores
Só percebi que alguns deixaram muitas dores
Fiz as cantigas que afinal ninguém ouviu
E o meu futuro foi aquilo que se viu
Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar
Na minha vida fui sempre um outro qualquer
Era tão fácil, bastava apenas escolher
Escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade
Mas já passou, não sou melhor mas sou verdade
Não ando cá para sofrer mas para viver
E o meu futuro há-de ser o que eu quiser!
Adeus Tristeza - Fernando Tordo
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
A mudança
Entrou na loja. Dirigiu-se ao balcão.
– Queria um romance.
– Um romance?
– Um romance é um romance e eu preciso de um.
– Não temos!
– Não percebe que é urgente. Não aguento nem mais um minuto sem um romance.
– Lamento, mas não posso ajudá-lo.
– Lamento, mas não posso ajudá-lo.
– Então um livro de poesia.
– Poesias... não vendemos.
– Ao menos uma história para crianças.
– Tenho muita pena mas também não temos histórias, nem para crianças nem para adultos.
– Seja! Dê-me um relato de viagem, um diário, uma biografia, ou até um dicionário. Qualquer coisa! A minha cabeça anda à roda, os braços e as pernas tremem, o suor escorre pelas costas. Tenho de ler!
– Seja! Dê-me um relato de viagem, um diário, uma biografia, ou até um dicionário. Qualquer coisa! A minha cabeça anda à roda, os braços e as pernas tremem, o suor escorre pelas costas. Tenho de ler!
– Mas... mas... Um momento!
A empregada deixou-o e foi ao escritório. Pegou em todas as folhas e folhetos com descrições sobre rosas: qualidade, cores, plantação, tratamentos, cuidados, preços. Meteu tudo dentro de uma capa e deu-lhe um título. Voltou para junto do cliente.
– Aqui tem: “O romance da rosa”, é oferta da casa.
– Muito obrigado! Mas que estranha está a vossa livraria!
Dito isto, saiu apressado sem ouvir as palavras da empregada:
– O senhor ainda não reparou. Esta loja já não é uma livraria. Mudou de ramo há três meses. Agora vendemos flores.
Do quanto precisamos de ler...
terça-feira, 29 de setembro de 2009
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Braga é quente no meu coração
Estudo em Braga mas sou do Porto, fui e vim todos os fins-de-semana (ou quase) nos últimos 4 anos. Este ano preparava-me para mais um ano igual, no entanto, por mudanças de horário, acabei por ter apenas dois dias de aulas, dois dias longos, mas apenas dois, e chegou a decisão de voltar para casa... Deixo a casa de Braga, deixo Braga... no entanto, tenho de lá ir todas as semanas, mais que uma vez, mas já não vivo lá... sinto-me uma ingrata para com a cidade que me acolheu nos últimos 4 anos, 4 anos que me pareceram uma vida, porque em Braga cresci. Não consigo deixá-la, já faz parte de mim, assim como me sinto parte dela. Sinto que me arrancam 4 anos do peito e que não deixam lá nada nesse lugar.
Os amigos continuam os mesmos, Braga e Porto, é um ''tirinho'', como se costuma dizer, mas deixo uma casa... para lá com a casa que não era a casa dos meus sonhos, mas deixo duas companheiras de quem gosto e de quem vou sentir saudades, e um sem fim de coisas que adoro em Braga...
Braga, eu vou mas eu volto, porque o Porto é já ali ao lado, e foste tu quem aqueceu o meu coração...
domingo, 20 de setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Cartas de Coimbra XXXI
''Sou feita de material diferente do teu e já não me importo. (...) Fui ao fim do espaço e voltei. Deixei-te para trás, carregando-te comigo todos os dias nos sítios que mais doem. É assim todos os dias. O viver sem ti, sem que de facto te vás embora. Estás em todo lado. Nas minhas manhãs e nas minhas noites. O teu cheiro finalmente saiu mas ficou o teu tacto. O teu vazio. O teu medo. Há muito tempo que não importo e leio sozinha estas cartas. Um dia hei-de escrever a última e isso consola-me. Fui capaz de coisas do tamanho do mundo, mas isso não chegou. Fui capaz de coisas que ultrapassaram os teus sonhos, mas talvez nunca te apercebas disso. (...) Tento sentir as pessoas o mais que posso. Devo-te isso. Deves-me também tu a mim.''
(Estas palavras são apenas um excerto de um lindo texto que pode ler-se completo aqui, obrigada Beatriz)
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
Desespero
Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.
Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.
Não fui eu que te quis.
E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu
A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero.
Desespero - José Carlos Ary dos Santos
sábado, 12 de setembro de 2009
Mad World
And I find it kind of funny, I find it kind of sad, the dreams in which I'm dying, are the best I ever had, I find it hard to tell you, I find it hard to take, when people run in circles, It's a very very,
Mad world,
Mad world!
Já diziam os Xutos que o mundo está ao contrário, não sei bem se contrário será a melhor expressão, mas é certo, que muitas coisas estão fora dos seus lugares, e que muitas outras só agora estão onde pertencem...
terça-feira, 8 de setembro de 2009
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Olha bem no fundo dos meus olhos, o que vês? Olha com atenção, pois não há nada que consiga esconder de ti. Vê nos meus olhos uma passagem de fotos que contam a nossa história, há neles lágrimas, sorrisos, angústias e gritos de alegria... Há nos meus olhos um mundo de emoções que construímos e vivemos juntos, há neles a alegria de dois corações que se unem, há neles a tristeza de discussões acesas que não podiam ser evitadas. Há nos meus olhos, mais do que há no meu coração, pois esse pobre inocente tem o terrível hábito de querer esquecer o que sofreu, esse tem memória curta e é um tolo que pouco ou nada aprende; os meus olhos não esquecem, os meus olhos guardam a tristeza, mas vibram com a alegria, contudo, não te enganes, eles não vão esquecer a primeira... Quando quiseres conhecer-me, não procures conhecer o meu coração, olha para os meus olhos, conhece os meus olhos, só eles te podem dizer quem eu sou...
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Doesnt matter where she is tonight,
Or with whoever she spends her time,
If these arms were meant to hold her,
They were never meant to hold her so tight.
For the love of that girl,
Tears swell, you dont know why,
For the love of that girl,
They never fall, they can never run dry,
For the love of that girl.
Tindersticks - Another Night In
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Dançavam à minha roda quando as encontrava
Obedecem-me agora muito menos,
as palavras. A propósito
de nada resmungam, não fazem
caso do que lhes digo,
não respeitam a minha idade.
Provavelmente fartaram-se da rédea,
não me perdoam
a mão rigorosa, a indiferença
pelo fogo-de-artifício.
Eu gosto delas, nunca tive outra
paixão, e elas durante muitos anos
também gostaram de mim: dançavam
à minha roda quando as encontrava.
Com elas fazia o lume,
sustentava os meus dias, mas agora
estão ariscas, escapam-se por entre
as mãos, arreganham os dentes
se tento retê-las. Ou será que
já só procuro as mais encabritadas?
Agora as palavras - Eugénio de Andrade
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Gravedigger, when you dig my grave, could you make it shallow, so that I can feel the rain, gravedigger...
Ring around the rosey, pocket full o'posey, ashes to ashes, we all fall down....
Little Mikey Carson '67 to '75, he rode his bike like the devil until the day he died, when he grows up he wants to be Mr. Vertigo on the flying trapeze...
Gravedigger
When you dig my grave
Could you make it shallow
Little Mikey Carson '67 to '75, he rode his bike like the devil until the day he died, when he grows up he wants to be Mr. Vertigo on the flying trapeze...
Gravedigger
When you dig my grave
Could you make it shallow
So that I can feel the rain.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Alquimista
''Cada homem na face da Terra tem um tesouro que está esperando por ele'', disse o seu coração. ''Nós, os corações, costumamos falar pouco destes tesouros, porque os homens já não querem mais encontrá-los. Só falamos deles às crianças. Depois deixamos que a vida encaminhe cada um em direcção ao seu destino. Mas, infelizmente, poucos seguem o caminho que lhes está traçado, e que é o caminho da Lenda Pessoal e da felicidade. A maioria acha o mundo uma coisa ameaçadora. (...) Então nós, os corações, vamos falando cada vez mais baixo, mas não nos calamos nunca. E torcemos para que as nossas palavras não sejam ouvidas: não queremos que os homens sofram, porque não seguiram os seus corações.''
O Alquimista, Paulo Coelho
Seguir o coração?
sábado, 15 de agosto de 2009
Let me sign
Adormece no meu colo, e no mais profundo dos sonhos, sonha com os meus braços quentes em volta do teu corpo, sente como as minhas mãos grandes acariciam o teu cabelo e te afastam madeixas que teimam em tapar-te o rosto. No grande sonho do momento, sente a minha respiração, sente como acelera por te ter nos meus braços, como pára quando por segundos te mexes... Ter-te no meu colo é a minha perdição, conto todos os maravilhosos segundos que passas no conforto da minha alma e peço que seja para sempre, pois sei... o meu coração parará assim que despertares.
''I was damned by the light coming out of her eyes
She spoke with a voice that disrupted the sky
She said 'Come on over to the bitter shade,
I'll wrap you in my arms and you'll know you've been saved'
Let me sign, let me sign, can't fight the devil so just let me sign.''
Robert Pattinson - Let me Sign
She said 'Come on over to the bitter shade,
I'll wrap you in my arms and you'll know you've been saved'
Let me sign, let me sign, can't fight the devil so just let me sign.''
Robert Pattinson - Let me Sign
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
What will you say?
It's been such a long time, I was just a chid then, what will you say, when you see my face? It's funny now, I just don't feel like I'm a man, what will you say? Mother dear the words gone cold, NO ONE CARES ABOUT LOVE ANYMORE, what will you say, when you see my face?
My heart can't take this anymore...
I can feel you time crawling, to a slow end, I can feel my time crawling to a slow end,
What will you say, when you see my face?
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Um pouco de sol...
Hoje acordo sem nada para fazer, vagueio pela casa e procuro uma ponta de algo que me prenda com alegria ao dia que aí vem, procuro e procuro... Se encontrasse algo que me alegrasse... Está sol lá fora, mas não chega, preciso que o meu sol brilhe dentro do meu peito, e como eu queria que ele ofuscasse todos os meus pensamentos. Preciso de um pouco de sol dentro do meu peito!
domingo, 26 de julho de 2009
Palavras Gastas
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos
eram os tais peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade:
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Hoje sei que nada de ti ficou...
Hoje sei que não és tu do outro lado da porta, hoje sei que não foste tu que tentaste entrar e trazer a felicidade contigo; contudo sei também que não foste o causador das minhas lágrimas,
hoje penso... que fizeste? O que foste na minha vida? Não te posso agradecer um sorriso, nem culpar por uma lágrima. Não sei o que dizer da tua passagem. Nada de novo entrou contigo,
hoje sei que passaste, uma passagem demorada mas apenas uma passagem,
hoje sei que nada de ti ficou...
Assinar:
Postagens (Atom)